Às vezes não há mais nada para além do silêncio. E da escuridão. É talvez aí que nos encontramos e nos perdemos ao mesmo tempo. Num lugar sem espaço, num momento para além do tempo. Às vezes olho em redor e não vejo mais do que a solidão que nos rodeia a todos. A inevitabilidade que desesperadamente - ainda que sem o admitirmos ou nos apercebermos - tentamos combater. Numa ou em muitas outras pessoas, num objectivo material, numa experiência espiritual, numa realidade monetária ou sexual. Lutamos, e por vezes fazêmo-lo com tal ímpeto que quase chegamos a acreditar que há um sentido, um rumo, um caminho. E a vida sabe bem.
E, ainda assim, por mais clara e simples que seja a estrada que percorremos, assim que olhamos para algo para além do exacto local que estamos a pisar, algo de desconcertante sucede. Como uma visão do passado e do futuro numa mistura heterogénea mas ainda assim única, ao mesmo tempo que a vista em nosso redor nos mostra pedaços de todos os caminhos alternativos - da vida que nunca poderemos viver mas que, ainda assim, parece estar ali tão perto.
Sós e incapazes de nos conhecermos ou saber para onde vamos, isolados numa realidade material que não nos deixa compreender sequer o que somos, e que, no fim de contas, separa-nos, mais do que nos aproxima, de tudo e de todos.
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