Sunday, 13 December 2009

Random thoughts

Build your inner-self like you would build a bridge: strong enough to sustain the weight of the world, but flexible enough not to break. You don't want to be a tacoma narrows bridge person.


Dark matter haloes are souls, galaxies are their bodies.

Sunday, 29 November 2009

Letters from the creators II.2.56XSD

There's nothing left for us to do. Or think. Or live. It's all been done, written, thought, lived, experienced. Billions of years of light and darkness, colour and sound, emotions and dreams will only result in the same crude, overwhelmingly unbearable result. And yet, they did seem to enjoy every moment of the way. At least as long as they were feeling that their destination was getting closer and closer; while running and driving and climbing every single part of the way felt like the warmest sunlight on their skin, warming their souls.

I really don't know if they will ever realize what they are, and why we created the Universe again, but maybe they will. Maybe it is inevitable: life will always grow towards a higher-scale complexity and that path will always unveil the truth about life itself, and about the world where it was born. However, once they realize it, I don't think they will necessarily decide the way we did. Maybe they will embrace the emptiness in a completely different way. We embraced it, accepted it, but we also denied it in a complicated way, by assuming that the emptiness caused by unveiling the truth about everything could be solved by re-starting the clock. By taking it all away, and giving our children a world without knowledge, a world without answers, and without the truth. A world where dreams could be dreams for a life-time, where goals and hopes and ideas could move entire worlds.

Of course we know that life has no meaning. Just like we understand now that the end is really the end. And that no matter what we do, or think or dream; no matter how we live our lives, the end is always the same. Remorse, guilt; those do not exist once you learn to control your own mind. But just because we can not dream or imagine, or picture a world full of hope and possibilities, doesn't mean that it has to be like that.

Life is the most incredible outcome of the big bang. Surely the combination of physical phenomena can be truly spectacular, but life is so much more than a physical phenomena. Life is the dream of overcoming the physical reality itself; the will to create, to dream, to build.

Friday, 20 November 2009

Lives

It's like we can't even help it. Life. Living.It happens. It just does. One moment we are here, smiling, running, playing. The world is this huge place where adults keep on doing the craziest, strangest things - which we don't care anyway. And yet, the moment after, and less than in a blink of an eye, there we are, no longer children, no longer smiling and playing and running for fun.

So what is life all about?

Sunday, 15 November 2009

Life

The meaning of life is to understand that it has meaning anyway. No matter what we do. No matter what our motives are. Whatever we do.

The purpose of life is to have a purpose; that is what distinguishes life from a fairly normal set of organic molecules that can come together.

There is no good or evil, no crime or heroism. No matter what we do, when we do it, or why we do it, we are just playing our own part on the big universal game of life.

Sunday, 18 October 2009

Retorno e Paz

Naquela manhã de Outono em que Joaquim voltou ao mundo que fora o seu Mundo durante quase 20 anos, era como se nada tivesse mudado. Havia ainda o sol a brilhar, o céu azul, o ar limpo e verde a soprar por entre os montes e planícies que se estendiam até ao infinito abraçado pelo seu olhar. Memórias e momentos passados; estava tudo ali, quase parado no tempo, na paz e tranquilidade da brisa que lhe tocava o rosto e lhe afagava os cabelos. Mas Joaquim não era o mesmo rapaz que por ali havia crescido, corrido, caído, sonhado e partido. A vida levara-o a correr o mundo, a chegar mais longe, a descobrir locais com os quais nunca havia sonhado. Os seus sonhos levaram-no para tão longe que, durante anos, foi como se tudo aquilo que Joaquim via, ouvia, sentia e cheirava de novo não fossem mais do que uma memória distante, ou um sonho de uma vida que nunca viveu. E tudo isso rebentava agora em ondas irregulares num oceano agitado de memórias, ora felizes ora de lágrimas. Até porque se os caminhos baldios que atravessavam a serra o lembravam dos risos e brincadeiras que o haviam entretido - a ele e aos seus primeiros amigos -, a porta da casa onde crescera sabia-lhe ainda à dor que havia carregado desde o dia em que vira os seus pais pela última vez, acenando-lhes um adeus que lhe soube como um até já, mas que acabou por ser um adeus para sempre. Isto porque quatro meses depois dessa despedida, a estrada que os havia conduzido até à cidade que visitavam pelo menos uma vez por semana durante décadas levou-os para um novo destino do qual nunca mais voltaram. Joaquim ficou de tal forma perturbado com a notícia que não mais voltara à casa que, desde esse dia, passara a ser sua. Afinal, como podia ele aceitar a morte dos seus pais que tinham ainda tanto para viver? Como podia ele voltar e não ouvir os passos da mãe pela casa, sempre atarefada; tornar a pisar os caminhos que percorrera com os seus pais e não os ouvir a dizer para caminhar mais devagar; ou cheirar as flores e as plantas e não ouvir as explicações e lições do seu pai:? Não, Joaquim não tinha como enfrentar essa realidade que se abatera sobre a sua vida: o peso era demasiado, a dor profunda demais, cortante.
A verdade é que foram precisos 11 anos para Joaquim voltar ao mundo que o fez crescer e sorrir, ao Universo a que, no mais genuíno do seu ser, ele chamava casa. E, ainda assim, Joaquim sabia que a sua casa já não existia - ou pelo menos a casa do rapaz que os campos viram partir havia 11 anos - essa ruíra no dia em que se tornou órfão. E, ainda assim, havia algo de seu ali. Algo que o fazia sentir o calor do sol de Outubro como um toque do destino, substância invisível que lhe sussurrar as palavras doces que uma mãe canta ao seu filho para o adormecer seguro e confiante. O mundo havia-lhe mostrado visões, sensações, locais e pessoas absolutamente fantásticos e inesquecíveis - e, ainda assim, nada nem ninguém lhe podia tocar tanto quanto este local. Talvez porque cada detalhe, ainda que envelhecido, deteriorado ou desenvolvido, tinha o toque do seu pai e da sua mãe, e dos seus pais antes deles; mais do que isso, cada pedaço do que agora o rodeara cheirava aos seus sonhos de miúdo, a tudo aquilo que o fizera sorrir só de pensar. Cada árvore de fruto, cada flor, cada caminho por entre as ervas que agora cresciam como nunca - em cada detalhe havia uma memória, uma palavra, um gesto. Sim, o mundo lá fora deu a Joaquim as folhas de uma árvore adulta, e a oportunidade de criar um tronco forte o suficiente para finalmente conseguir enfrentar tudo aquilo que a vida lhe tirou; mas era ali, naquele pedaço de terra em que pouco mais se ouvia para além de um silêncio profundo, que Joaquim tinha as suas raízes, o seu solo, a sua água.


David Sobral

A noite ilumina

O vento não agita
as águas do mar que recua;
E a luz que ainda resta do dia
já não nos toca
num profundo abraço de calor.

A noite está aí:
passos no céu
pegadas de estrelas;
um rosto negro que esconde uma luz infinita.
A noite vem, vestida de silêncios,
A sorrir memórias e a cantar o pôr-do-sol
À espera de algo que só chegará pela manhã.

Só a escuridão ilumina verdadeiramente o nosso mundo.

David Sobral

Saturday, 16 May 2009

The Road to the end - an entry in the Universe's diary

It didn't use to be like this before. Time was just a toy, an enjoyable river that allowed me to change, to evolve, to create the most outstanding phenomena. Not anymore though. Now I can feel it in a different way. As if the river was no longer infinite. I can see the end; it's coming.

I never used to think of the end - my life always seemed to be endless; as if every single bit of me would last forever. Thus, for every new star that was born within me, ultravioleting me with dreams and hopes and infinite possibilities, I could only feel thrilled, excited, renewed. Because of me, of my existence, they were able to form, to become, to exist, to shine and to give life to so much more. Other stars, smaller but richer, and then planets, an smaller and smaller bodies. Even sub-life, and sub-sub-life. Life within life within life.

Only very recently have I started to realize that time would not run forever within me, although I don't completely understand the reason why I couldn't see the signs before. After all, they were always so clear, ever since the first instants. Sure it felt like there were always new things arising and being born in me, but what happened to them as time went on? Couldn't I see how they aged and lost the strength of the past? Whilst it was absolutely clear that death was always the beginning of new lives, the truth is these were always significantly different. It was never really a cycle; what is dead is dead, and the life that would come out of it, whilst being absolutely new and full of possibilities, would never be more than an attempt to delay the inevitable.

I'm not only aging. I am beginning to die. I can feel it in my bones, my muscles and my inner thoughts. My cells are getting more and more spherical and elliptical, and I now have to wait so much to see the birth of a new star; while a long time ago there would be hundreds, thousands of them being born in absolutely amazing explosions of light in the same time; how young and strong it felt at that time! I'm slowly getting redder and darker, larger and colder; and if there was somebody else out there that would have been noticed straight away.

I don't know how much time I have left. After all, I'm still alive and well; the end is not waiting for me tomorrow - but it is already looking at me, in the horizon. Time, once the most enjoyable of the things within my body, is turning out to be my worst enemy - one that can not be beaten or defeated. And yet, I do not fear the end. I do not fear death. For thus it is not a product of sadness and misery, but a consequence of joy and life and light. If the end that I can now see ahead of me is the result of all the extraordinary things that I allowed to happen within me; if my death is a consequence of all the growth and evolution and change within me, than I will not only be fearless when facing it - I will embrace it with all that will be left of me by then. Because no matter how short my life will turn out to be, time is meaningless once you've experienced the creation of life within you - the birth of cells, of stars, of gigantic clouds of gas and planets and comets.

Yes, my end is near, but when it comes I will look at it with what's left of me and smile, because I lived my life to the fullest.

Tuesday, 17 March 2009

Human

Sometimes we want the night to last forever
smoke it, drink it, have it
darkness by darkness
until there’s nothing
absolutely nothing (left)
apart from the ashes of ashes themselves.
That’s when thoughts merge to become waves;
when happiness and reality fade away in a single whisper.
We are human;
alone in our crowded metropoles,
pieces of darkness among the million lights that fight the night
hopelessly;
awake and isolated in a world
which we can see and smell and touch
but which we cannot really
feel (or understand).

Sometimes the pain cuts so deep
that it almost becomes desirable
wanted
almost appreciated;
because it is real and it is an answer
- and an answer is always so much more than a never-ending question -
so we embrace it
breathe it fully
believe it
and we almost feel that there’s something
besides the unbearable weight of the entire world
pressing against our deepest wounds.

Sometimes. Sometimes we suffer. Sometimes there’s pain.
And most of the time we don’t just feel lost;
we are lost.

(now open your eyes.)

D.S. 2009

Sunday, 15 March 2009

A book called life

Life is too precious to be questioned, too valuable to be disregarded, too wonderful not to be lived. Even if death is the way to a much better place - paradise with all its supposed glory and light - life will always be a unique experience. And whilst there is no single way to live it fully, you should never, ever waste this amazing opportunity. You see, life can be as much of a river as it can be an ocean, or anything else, really. Just like a book, your life is permanently waiting to be written; with as many stories, lives, smiles and tears a you can possibly live. The only difference is that there is no turning back, not hitting backspace, no eraser; life is a book you write at every single second, whether you want it or not. So what's it going to be? An amazing and inspiring novel, or just an ordinary soap opera? The choice is yours. Make it count.

D.S. 09

Saturday, 14 March 2009

Mundos, Momentos

Há momentos que inventam novos mundos
e universos;
instantes que nos caem sobre os ombros
gigantes mas sem avisar
bater de asas
pó de estrelas primordiais
que acabam escritos nas linhas de um poema.
Intervalos sem dimensão
trazem vida e morte, viagem e partida
na ponta dos dedos que não têm.
A escolha. Dois mundos. Um Universo. Vida. Morte.
E o tempo nunca pára.
(Quantos mundos já criámos?)

D.S. 09

Tales of Stars and You

Everyone of us has a unique story. A past that reaches out far before our birth and that will last beyond our death. Even if you don’t realize it, you are more than 10 billion years old. You have lived a thousand lives and yet you are still a teenager - learning from every new form that you take and becoming fascinated by how all the things around you change and grow - forever evolving.
The day when you were born was not the day when were born. The day you were born did not happen just a few years ago. It happened a long, long time ago, when the entire world saw light - a tremendously bright light - finally illuminating the entire Universe. There are stories about those days, when the dark ages were finally over, when life was truly created, and, most of all, when you and me and all of us were born. Some say it was as if everything happened in a single moment in time. Throughout space, the first stars ever to shine were born, and, surrounded by what seemed like an eternal darkness at the time, they broke all the rules and sacrificed their lives to create everything around us.
Life was not created on Earth; it was made in light and heat, in blue and music, in art and happiness, right at the core of the brightest, largest and most magnificent stars that the universe has and will ever see. We are not only made of star’s dust; we are star’s children.

D.S. 09

The Blank-Page Boy

People called him John, Victor, Gonçalo, Mohammed, Andreas, and even Matheus and whist each person was absolutely sure that his name was just one of those (or any other in the long, long list of names), there was no-one in the entire world that really knew that. He had no name, no true identity, no real life or tastes. He did not have a home, a family, not even a past. Or so he believed. No matter the reasons that led him there, he learned how to turn himself into a blank page, seeking for a new life, a new beginning, a new chance almost every month, week, or day.

Thursday, 1 January 2009

Mas qual crise!?

Há dias em que apetece escrever. Em que a voz do mundo nos chega de uma forma tão impossivelmente ridícula, suja, corrupta e sem nexo que nos força a optar. Entre seguir a corrente ou opormo-nos a ela. Entre aceitar uma visão ridícula do mundo, ou ter a coragem e o discernimento de o olhar a sério, de todos os ângulos, com todas as cores. É de facto incompreensível constatar que, num mundo da suposta informação, numa sociedade que se supõe do conhecimento, e, sobretudo, num planeta com uma população humana tão elevada, são tantos, mas tantos!, aqueles que não fazem a menor ideia do que estão a fazer, do que são, do que são os “problemas” e o que podem vir a ser soluções.

Escrevam-me o poema do mundo actual e qualquer um saberá que o difícil será poetizar toda a temática da crise financeira, dos mercados financeiros, da banca, dos bancos, dos bancos a falir, do dinheiro, do dinheiro que não chega, dos biliões que já só são 40 biliões quando ontem eram 80 biliões, ainda que nem interesse a moeda ou a nota, porque no fim de contas eram só contas e projecções, as mesmas feitas pelos investidores e outros ladrões. Há que não esquecer petróleo e tudo o que daí vem ou devém, mas, claro, mesmo aí, há o lucro, essa tão fundamental lei da física que diz que o preço de consumo é sempre superior ao de produção pelo menos por um factor suficiente para com ele se comprar mil e uma coisas que não precisamos e que por isso são tão dispendiosas. Escrevam o poema do mundo actual e temos fartura de tiros e bombas, de atentados e mortes, de desgraças e catástrofes. Fartura de imprensa social, claro (pois oh meu deus, o mundo sem imprensa social é o maior pesadelo de qualquer terrorista e político mal intencionado - manda todos esses para o desemprego sem qualquer hipótese de sobrevivência no ramo!), mas, oh, como viveríamos nós sem o jovem de 14 anos que foi ontem baleado pelo filho de 3 a ser notícia de abertura e primeira página de todos os jornais? E sem o político lambido que garante que não existe outra opção para isto ou aquilo, que a crise é grave - ou, até, para ouvir os nossos maiores líderes referirem-se ao actual estado do país como de uma profunda desgraça, como se o tempo em que vivemos não fosse o melhor de sempre!

E é exactamente aí que o poema acabaria. No que a maioria interpretaria como ironia e crítica social, estaria a verdade: é a crise, é a crise, mas nunca estivemos melhor do que isto! Mas claro, quem pensa assim? Afinal, “no meu tempo é que era”, e isso, juntamente com o encher de peito que são os descobrimentos e a pseudo-grandeza de império passado, fazem sempre (quase) pensar que Portugal foi em tempos um país fantástico, sem fome, sem pobres, justo, onde tudo funciona fantasticamente: um exemplo para o mundo, até para a galáxia inteiro, o Universo!

O que dava mesmo mesmo jeito era saber fazer contas, perceber que quem manda no mundo e no seu destino somos nós - cada um de nós. E quem quiser queixar-se disto ou daquilo e depois passar os dias a ver televisão, beber cerveja, ou fumar todo o tabaco do mundo, sem sequer um esforço sincero que o faça - mas que pelo menos não fira os outros que se esforçam, que trabalham, que alcançam, que não desistem. Porque se ferem esses, então, meus amigos, aí é que temos a crise, mas nem importa a crise financeira ou económica, aí temos a crise real, a que importa - a crise que transforma a humanidade na raça mais estúpida do mundo.